quarta-feira, 24 de agosto de 2016

O inferno astral de Toffoli: entre o impeachment e a delação

Por Rachel Sheherazade

Para impedir a delação bombástica de Léo Pinheiro, da OAS, envolvido até o pescoço com o lamaçal do Petrolão, Rodrigo Janot teve a desculpa perfeita.

O Procurador Geral da República, que deveria estar mais interessado em buscar a verdade dos fatos e colocar bandidos na cadeia, alegou uma tal de “quebra de acordo de confidencialidade”. Isso porque os termos iniciais da delação de Pinheiro, que envolve diretamente o ministro Antonio Dias Toffoli foi vazado à imprensa, aliás, como tantas outras informações e delações envolvendo a operação Lava Jato. Nenhuma novidade nisso.

O jornalista faz seu papel: tem o dever de tornar os fatos claros, de divulgar as informações, sigilosas ou não. Mas, será que o vazamento de dados à revista Veja é motivo suficiente para invalidar uma delação bombástica que poderia revelar mais detalhes de uma trama criminosa envolvendo talvez empresas, o Executivo e o próprio Poder Judiciário? Fato é que Janot suspendeu a delação de Léo Pinheiro.
A República dos corruptos comemora. Agora dá para respirar um pouco mais aliviada. Nem que seja por enquanto...

Além do ministro Toffoli, outros magistrados de alto escalão devem constar da delação de Léo Pinheiro, o atual homem-bomba do Judiciário. Mas, a quem interessa mexer nesse poderoso vespeiro? Os juízes que julgam todos os demais mortais, de vereadores a senadores? A Corte de cujas decisões não se pode mais recorrer? O juízo final de justos e injustos?

Aliás, o ministro Dias Toffoli, ex-advogado do PT, tem muito mais a explicar que uma “simples” reforma numa casa que virou mansão, supostamente pelas mãos da OAS.

Apesar de solenemente ignorado pela grande imprensa, há um pedido de impeachment contra o ministro Dias Toffoli protocolado pelo ex-procurador Matheus Faria Carneiro em abril do ano passado, que, entre outras graves alegações, o acusa de ter participado de julgamentos nos quais deveria ter se declarado suspeito.

De acordo com o pedido de impeachment, o ministro Dias Toffoli teria tomado empréstimos milionários a juros módicos junto ao Banco Mercantil. E apesar de devedor do Banco, o ministro Toffoli, indicado pelo PT, não se declarou suspeito, e julgou, ele mesmo, processos em que o Mercantil era parte. E adivinhem só? Enquanto relator de duas ações, decidiu em favor do banco Mercantil.
Nítido choque de interesses. Insuspeita suspeição.

Há muitas outras dúvidas pairando sobre a idoneidade do ministro, que parece blindado pelas mais altas instâncias do poder. No Senado, o presidente Renan Calheiros sequer apresentou o pedido de impeachement de Toffoli ao Plenário da Casa, como manda o regimento interno e o artigo 44 da lei 1.079/50. Monocraticamente, Renan Calheiros mandou arquivar o pedido de Impeachement. Tudo sob o conivente silêncio da imprensa e o total desconhecimento dos brasileiros.


Que faça-se a luz. E faça-se a Justiça. Pois, não há um cidadão sequer acima da lei: nem político nem ministro.

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